Minha avó materna adorava plantas. No fundo do seu enorme quintal tinha um viveiro cheio de vasos e ela passava horas lá regando, podando, replantando. Minha mãe também adora plantas. O número de vasos que ela tem mesmo morando em apartamento é inacreditável. Ela não só gosta como conhece, entende, sabe como cuidar. E, mais que isso, como uma botânica amadora, se refere às plantas pelo seu nome científico! Acho isso incrível, eu mal e mal sei os nomes populares e não tenho memória para os nomes científicos.
Sem querer ou me programar para isso me vejo cada vez mais envolvida com plantas, talvez haja até alguma inevitável questão genética nisso. Com o quintal em casa, é natural que elas comecem a ser cultivadas. De uns anos para cá comecei também a prestar mais atenção às árvores, tanto as urbanas quanto as que vão pelas matas. São muito poucas ainda as que consigo identificar (pelos nomes populares, que fique bem claro), mas comparando com o tempo não tão longínquo em que só conseguia diferenciar árvores “comuns” de palmeiras, vejo que houve um bom progresso.
Já me aventurei na leitura de alguns livros sobre plantas (recomendo três muito interessantes, todos da editora Europa: a coleção “Árvores nativas do Brasil”, de Silvestre Silva, “Se não fugir, é planta”, de Eduardo Gonçalves, e “Os caçadores de plantas”, de Carolyn Fry. Li também “A vida secreta das árvores”, de Peter Wohlleben, o tema é ótimo, porém a leitura é um tanto cansativa). Mas para mim a botânica é muito difícil, acho que sou mesmo muito de Humanas para ela. Fora que para entender realmente os cuidados com as plantas é preciso passar pela química e aí a coisa complica de vez: tenho certeza de que só não estou de dependência de química do colegial até hoje porque meu professor era palmeirense.
Ainda que eu não honre a tradição familiar conhecendo ou sabendo cuidar muito bem de plantas, eu não nego o sangue na admiração pelo mundo vegetal. Quando olho hoje para o meu Instagram vejo que as plantas, especialmente as flores, têm praticamente monopolizado os meus cliques. E isso não foi pensado, simplesmente foi acontecendo.
Se tempos atrás eu não prestava tanta atenção nelas, hoje vejo que há muito por trás de sua beleza, seja ela singela ou exuberante. Inclusive, ouso discordar do Cartola e digo que não só as rosas, mas as margaridas, as orquídeas, as dálias, as flores dos ipês, do manacá e todas as outras falam sim. E falam por nós.