Quando conversamos com alguém não vemos nosso próprio rosto. E isso é bastante natural, afinal, não temos sempre um espelho por perto. Estamos na frente da outra pessoa e não sabemos se o cabelo está desarrumado ou se tem batom no dente. Sempre foi assim. Até começarmos a fazer vídeo conferências.
Não entendo por que, mas todos os programas de vídeo chamadas mostram não só o rosto das pessoas com quem falamos, mas também o nosso próprio.
Isso não acontecia no videofone dos Jetsons, talvez a primeira referência desse tipo de interface que tenhamos tido na vida. Nele, a tela exibia apenas o rosto do interlocutor. Uma coisa óbvia para mim. Mas, como diz uma querida amiga, nada é óbvio.
Fico me perguntando por que raios alguém resolveu colocar na interface também a imagem de quem está do lado de cá da tela? Qual o sentido disso? E por que, indo de encontro a todas as boas práticas de usabilidade, nenhum desses aplicativos dá ao usuário pelo menos o controle para escolher se ele quer ou não ver a sua própria imagem?
Que implicações psicológicas sobre nossa autoestima virão dessa visão diária de nossas expressões faciais nas reuniões online? Será que isso nos fará diferentes do que temos sido até agora?
Ou será isso um lobby de dermatologistas pra me convencer de que preciso fazer alguma coisa em relação a esse enorme bigode chinês que insiste em sulcar meu rosto?