Outro dia me deparei com uma crônica do Lira Neto intitulada “Caetano compõe, sem saber, a trilha sonora de minha vida“. Epa! Peralá! Fui eu quem disse isso outro dia! Não é possível!
Bom, o Caetano é genial e certamente suas músicas são a trilha sonora da vida de muita gente. Mas o começo da crônica do Lira Neto me lembrou outra coisa que tem martelado a minha cabeça. Ele diz que lembra da primeira vez que ouviu Caetano. Confesso que o invejei. Eu não lembro. É como se ele estivesse estado sempre ali, desde que nasci. E dado o gosto musical do meu tio (a quem devo boa parte de minha formação musical), é bem provável que tenha estado mesmo.
Mas o que tem martelado minha cabeça é como deve ser a sensação de ver o mar pela primeira vez. Muito pequena já fui levada à praia. Diz minha mãe que aprendi a andar em Itanhaém. (Claro que isso foi depois de começar a falar.) Por isso, não faço a menor ideia do que senti quando vi o mar pela primeira vez. E como será que seria se eu só tivesse conhecido o mar já adulta? E se não conhecesse ele nem por foto, como acontecia com muitas pessoas num passado remoto? Seria um susto ou um fascínio?
Toda vez que vejo o mar tenho um certo assombro, sou invadida por uma emoção difícil de explicar. É como o maravilhamento de uma paixão, que atordoa mesmo se não lembramos da primeira visão. É assim também, esse êxtase, quando ouço Caetano: me deleito com sua poesia e sou transportada para outras épocas, outros lugares, revivo tanta coisa ou então digo “nossa, é exatamente isso que estou sentindo agora”.
Agora, Eclipse Oculto, Lira Neto, essa o Caetano compôs foi mesmo pra mim.