A passagem do tempo me fascina. Claro que isso não é exclusividade minha, esse tema tem intrigado a humanidade desde sempre. Mas lembro quando eu, adolescente, achava louca minha madrinha que, já nos seus setenta, me dizia que a vida passava rápido demais. Como setenta anos podiam passar depressa? Ainda estou longe deles, mas hoje entendo perfeitamente o que ela dizia.
Me assusto ao ver quanta coisa na minha vida que parece que foi ontem aconteceu há trinta, quarenta anos. Essa relatividade, que pode não ser a einsteiniana, é até divertida: parece que foi ontem ou já faz tanto tempo?
Eu adoro lembrar histórias, mas longe de mim achar que estou velha. Não me sinto envelhecendo, ao contrário, me vejo muito jovem ainda, apesar dos quilos a mais e das marcas que começam a surgir no rosto e no pescoço. Isso são detalhes. Lá dentro continuo uma garota. Sou do time da Elizabeth (a rainha), “a pessoa tem a idade que sente ter”.
E o bom disso é que, como uma jovem, sinto que ainda tenho muito a descobrir, a experimentar, a sentir, a fazer, a falar. A vida pulsa e emociona. Ao mesmo tempo, os anos vividos não podem ser ignorados, deixam tudo o que importa mais vibrante e ensinam a não dar tanta atenção para o que não vale pena.
Vivo o agora com toda a intensidade que consigo, para que quando eu for velha possa aproveitar a vida, falar com naturalidade coisas bem doidas e não me arrepender de nada que esteja fazendo hoje.