Confesso

Tenho falhas que considero gravíssimas na minha formação cultural. Vários clássicos que não li, filmes que não vi, shows que perdi. Nunca li Proust e dos russos só os contos. Não li Homero, nem Dante. Na lista de filmes tem O Iluminado, Dogville e a Lista de Schindler. Não vi ao vivo Tim Maia, nem U2 e não fui a nenhum dos shows anuais do Paul McCartney (ainda que tenha ouvido perfeitamente duas apresentações dele na sala de casa quando morava colada no Palmeiras). Tirando o show do Tim Maia, todo o resto dá pra ser resolvido. E tenho procurado recuperar isso com afinco. Talvez seja preciso um pouco de mais disciplina nas leituras e a boa vontade dos streamings em oferecer esses e tantos outros filmes que me faltam ver. Também pode faltar grana para os shows, mas possibilidades há.

E se comento com alguém, um tanto envergonhada, que tenho toda essa série de falhas a serem sanadas, percebo que não há crítica nem assombro. Ainda que nem todos admitam, todo mundo tem as suas lacunas. Na verdade a crítica e, principalmente, o assombro só acontecem quando revelo outras lacunas da minha formação. Aí sim me transformo num ET.

Vou dar alguns exemplos e tenho certeza de que você também vai me achar bem estranha. Quer ver? Nunca assisti Chaves. Nunquinha. Nem um mísero episódio. Mal conheço os personagens e não entendo as referências. Só fui assistir Silvio Santos já adulta, na época do Show do Milhão, passei todos os domingos da infância sem ouvir o famoso “lá-lá-lá-lá” e também boio em muitas referências. É, não vi um Qual é a Música sequer.

No fim a gente vive muito bem sem tudo isso, tanto sem os clássicos quanto sem as referências da tv. Mas a verdade é que a vida pode ficar muito mais interessante com essas coisas, com os clássicos e com o Chaves.

Agora, quer ter certeza de que sou um ET? Não sei a letra de Evidências.

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